Resumo Executivo – PL nº 345 de 2021
Autor: David Soares – DEM/SP | Apresentação: 09/02/2021 |
Ementa: Dispõe sobre a obrigatoriedade do uso de identificação eletrônica em animais criados exclusivamente por sistema de pastagem e dá outras providências.
Orientação da FPA: Contrária ao projeto
Comissão | Parecer | FPA |
---|---|---|
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (CMADS) | – | – |
AGRICULTURA, PECUÁRIA, ABASTECIMENTO E DES. RURAL (CAPADR) | – | – |
CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA (CCJC) | – | – |
Principais pontos
- Exige o uso de identificação eletrônica em animais criados exclusivamente no sistema de pastagem.
- O equipamento oferecerá documentação completa, localização por satélite e histórico dos registros.
- Conforme a proposta em tramitação na Câmara dos Deputados, nenhum animal será levado a pasto, transportado ou abatido na falta de identificação eletrônica. Nessa condição e sem justificativa, estará sujeito a apreensão.
- A identificação eletrônica será colocada em local indolor, até cinco dias após o nascimento, salvo orientação diversa de veterinário.
- Autoridades sanitárias de proteção ao meio ambiente e de fiscalização terão amplo acesso aos dados.
Justificativa
- A pecuária de corte convive com uma infinidade de elementos relacionados com a conduta do rebanho. São manejos de pastagens, gerenciamento de disponibilidade de água, forragens e suplementações minerais, adoção de medidas zoosanitárias preventivas dentre tantas outras. Todos estes elementos refletem finalmente na quantidade de kg ou @ produzidas.
- O Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV) é o sistema oficial de identificação individual de bovinos e búfalos, sendo que a adesão, pelos produtores rurais, é voluntária, exceto quando definida sua obrigatoriedade em ato normativo próprio, ou exigida por controles ou programas sanitários oficiais.
- Atualmente, a Instrução Normativa MAPA nº 51, de 1 de outubro de 2018, aprova, na forma de seu Anexo III, a norma operacional que é utilizada para embasar a certificação oficial brasileira para países que exijam a rastreabilidade individual de bovinos e búfalos, até que haja a homologação pelo MAPA e a implementação de protocolo de rastreabilidade de adesão voluntária que trata o art. 7º do Decreto nº 7.623, de 22 de novembro de 2011.
- O Sistema é utilizado por propriedades rurais que desejam cumprir protocolos internacionais e exportar aos mercados mais exigentes, que remuneram melhor, como a União Europeia.
- A União Européia, pela Resolução CE 820/97, exige que todo o processo de produção da carne esteja inserido em um programa de identificação e registro que possibilite o levantamento de todas as informações sobre o animal, desde o seu nascimento até o consumo do produto final. Tal Resolução atinge tanto os produtores e indústrias da Europa quanto os fornecedores.
- A Certificação SISBOV permite que o pecuarista receba até R$ 4,00 a mais por arroba comercializada, valorizando os negócios em toda a cadeia produtiva e ganhando mais confiança dos consumidores nacionais e do exterior.
- A identificação de animais é a primeira etapa para implantação de sistema de rastreabilidade, mas não se deve confundir o fato de identificar o animal com o sistema de rastreamento em si.
- Um sistema de rastreamento é aquele que permite o acompanhamento do bovino desde o nascimento até o consumidor final.
- Com o avanço tecnológico, as empresas de brincos de identificação para animais têm conseguido colocar no mercado, brincos altamente confiáveis. Eles são com numeração pré-definida, escolhida pelo pecuarista, escrita a laser e até com código de barras.
- O método mais seguro e confiável é o “chip”. São transponders do tamanho de um grão de arroz, que contem um código exclusivo e inviolável, que funciona como um “RG eletrônico”. O implante é subcutâneo, onde devem permanecer até o abate do animal. A leitura é feita através de leitores especiais ou painéis eletrônicos colocados na porteira do tronco.
- Porém, a tecnologia ainda apresenta custos elevados e pontos a serem melhorados. Faltam dados quanto aos benefícios produtivos, como a diminuição de perdas (hematomas, estresse, etc) que pode ser promovida por esse tipo de identificação.
- A escolha de qualquer tipo vai depender do nível tecnológico que a propriedade tem capacidade de adotar. Seja qual for a tecnologia empregada, o importante é a adoção da identificação individual dos animais.
- Hoje, mais de 90% do gado do país, é criado no pasto. Com o projeto, os produtores de cerca de 190 milhões de bovinos teriam que arcar com custos maiores de produção, sem necessariamente contar com aumento de receita.
- Dessa forma, o projeto imputa uma série de medidas que não levam em consideração a realidade da produção de bovinos brasileira, majoritariamente a pasto, e que trará prejuízos enormes ao setor.
- Por tudo acima exposto, o projeto mostra-se muito prejudicial e deve ser rejeitado.
Fontes:
Pastagem – Portal Embrapa
Identificação eletrônica de bovinos – Scot Consultoria
Beef Report 2020 – ABIEC
Identificação de bovinos com brinco eletrônico: a visão dos profissionais (beefpoint.com.br)
Identificação eletrônica e rastreamento de bovinos (embrapa.br)